Quando a feminilidade para de pedir licença
Nos últimos anos, a moda feminina passou por uma fase curiosa. Em nome da praticidade e da neutralidade estética, entramos num terreno seguro — o das roupas que não dizem muito. A silhueta larga, a cartela de cores neutras, o cabelo preso sem esforço. O “clean”, o “quiet luxury”, o bege. Tudo muito elegante. E, ao mesmo tempo, quase silencioso.
Mas 2025 abre espaço para um movimento que pulsa na contramão disso: Big Feminine Energy.
Só que não se engane — não estamos falando de um retorno ao romantismo como era nos anos 2000, nem da feminilidade caricata que por muito tempo foi usada como sinônimo de fragilidade. Essa nova onda não é sobre agradar, nem sobre suavizar. É sobre ocupar espaço sendo exatamente quem se é — com rendas, volume, brilho e presença.
A estética que não precisa se justificar
Por décadas, mulheres que queriam ser levadas a sério precisaram se vestir “como homens”. Ombreiras, cortes retos, paleta fria. Um código visual que gritava: “me veja pelo que penso, não pelo que visto.”
Só que essa narrativa cansou. Porque ela cobra demais. Porque ela exige que a mulher oculte partes de si em nome da credibilidade.
A Big Feminine Energy surge como uma espécie de libertação disso. Um lembrete de que não existe fraqueza em vestir uma saia esvoaçante. Que não há superficialidade em amar babados. Que estética e profundidade não são opostos.
É, acima de tudo, um posicionamento.
O contexto que explica tudo
O timing dessa virada não é coincidência. Vivemos um período de saturação visual — do minimalismo, do excesso de autocontrole, da vida performada com filtros claros e legendas inspiradoras. As mulheres, que sempre foram forçadas a caber, agora querem transbordar.
E a moda, sendo espelho de comportamento, reage. Os desfiles de 2025 estão cheios de camadas, detalhes, texturas, cores quentes. A cintura reaparece, a silhueta volta a existir, o corpo é respeitado — não escondido, não sexualizado — apenas respeitado. A roupa acompanha o movimento interno de quem está, pela primeira vez em muito tempo, escolhendo a si mesma como prioridade.
Não é tendência. É linguagem.
A moda que se veste hoje não serve só para se proteger do clima. Ela comunica. Ela responde. Ela é um código.
E o que a Big Feminine Energy está dizendo é simples, mas poderoso:
“Não preciso ser menos feminina para ser mais forte.
Não preciso me encaixar para ser levada a sério.
Não estou me arrumando para ninguém.
Eu me visto por mim.”
Não se trata de seguir mais uma estética do momento. Se trata de entender que ser mulher não é mais sobre amenizar. É sobre expressar.
E se a roupa pode ser um instrumento para isso, que ela venha com babado, textura e coragem.